segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Salvador, nossa Bagdá, e Gregório de Matos


Escrevi que Salvador queria ser o Rio, com suas belezas naturais, seu tráfico de drogas, seus assaltos, assassinatos... Mas, fiz uma injustiça. Com o Rio, claro. Afinal, o Rio tem orla marítima em funcionamento e metrô. Salvador, na verdade, tá mais pra Bagdá. Em 2009, a capital iraquiana já soma 96 mortes violentas. E isso porque no dia 2 teve um atentado que matou 30 e no dia 4 teve outro que matou 40. Já Salvador contabiliza 104 assassinatos. Portanto, quem quiser passar o verão num lugar tranquilo, vá para o Iraque.

Eu fiz o texto acima em 16 de janeiro de 2009, para o blog que tinha no site da Faculdade Baiana de Direito. E, quase dois anos depois, Salvador continua com a orla em ruínas, o metrô é uma lenda e Bagdá continua sendo um bom destino.



Neste fim de semana, 30 pessoas foram assassinadas em Salvador. Em Bagdá, foram 6 mortes. Fazendo o cálculo padrão de mortes/100mil, Salvador, com 3 milhões de habitantes, teria 1/100mil. Já Bagdá, com 7,5 milhões de pessoas, teria 0,08/100mil. Ou seja, quem deu uma voltinha em Salvador nesse fim de semana teve 12,5 vezes mais chance de ser assassinado do que quem passeou pela capital iraquiana. Pois é... como diz a música Nossa Bagdá (vídeo acima) Bagdá dá saudade mesmo. É um lugar ótimo. Ainda mais com essa levada baianidade-nagô-ijexá.

Infelizmente, meu meu texto continua valendo. E o de Gragório de Matos também:
A cada canto um grande conselheiro,
Que nos quer governar a cabana, e vinha,
Não sabem governar sua cozinha,
E podem governar o mundo inteiro.

  © Blog 'Croquis' Bahia Vitrine 2009

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