As Águas de Oxalá
Oxalá é a divindade yourubá mais antiga. Aqui na Bahia, foi sincretizado com o Senhor do Bonfim. Em 1754, o capitão-de-mar-e-guerra português Teodiso Rodrigues de Faria instituiu a devoção ao santo português Senhor do Bom Fim. Salvo de um naufrágio, atribuiu a proteção à imagem que trazia a bordo. E, em agradecimento, construiu a igreja. Espalhada a notícia da imagem milagrosa que habitava a nova igreja da colina, os fiéis se multiplicaram e uma missa em homenagem ao santo passou a ser celebrada no segundo domingo depois do dia de Reis. Para preparar a igreja, havia uma grande limpeza - a lavagem. Os negros, que buscavam sincretizar sua crença para exercê-la sem perseguições, logo viram nessa lavagem uma semelhança à preparação do terreiro para as festas das Águas de Oxalá. Assim, Nosso Senhor do Bonfim ligou-se ao orixá. A participação dos adeptos do candomblé chegou a tal ponto que eles lavavam toda a igreja com água e flores. A Igreja Católica, então, proibiu a lavagem, que só voltou a ser permitida em 1963, sendo restrita às escadarias. Em terreiros mais, digamos, ortodoxos as Águas de Oxalá são comemoradas em agosto ou setembro. Mas muitos terreiros foram tão influenciados pela lavagem da igreja do Bonfim que adotaram a data como o início dessa celebração, que marca a abertura do ciclo de homenagens aos orixás.
Acima, Oxalá numa aquarela do gênio Carybé. Abaixo, o Hino do Senhor do Bonfim por outro gênio, Armandinho.
Epa Bàbá!