terça-feira, 10 de janeiro de 2012

O homem que desafiou o Universo... e venceu!

No domingo, dia 08 de janeiro, Stephen Hawking completou 70 anos. Há cinquenta anos, quando tinha apenas 20 anos, foi diagnosticado com esclerose lateral aminiótica, e comunicado que a expectativa de vida para portadores desta doença não ultrapassava alguns poucos anos.

Desde pequeno, Hawking chamava atenção pela capacidade de concentração e abstração. Ainda criança, gostava de criar jogos de tabuleiro e passar horas jogando com os amigos. Mas logo os jogos se tornaram tão complexos que apenas ele conseguia brincar. Aos 17 anos ingressou em Oxford para cursar ciências naturais com ênfase em física, e aos 20 foi aceito na pós-graduação de Cambridge. Seu sonho era ser orientando de Fred Hoyle, um dos maiores cientistas da época. Em Oxford, Hawking era um jovem intelectual de humor irônico, que frequentava festas, e não escondia sua genialidade em modéstias forjadas. Mas, em Cambridge, ele era só um garoto entre gigantes. O primeiro baque foi quando Hoyle não quis ser seu orientador, designando um assistente. Hawking se sentiu humilhado. Mas, alguns anos depois, Hoyle, de certa forma, ajudou o aluno renegado...

Além de grande cientista, Hoyle era um grande ego. Empolgado com uma teoria, decidiu contá-la em uma palestra antes de finalizar todos os cálculos. Como aluno, Hawking teve acesso à pesquisa, e decidiu ir à aula do professor. Mas, não era uma palestra comum. Seria proferida na Royal Society, tendo na plateia muitos dos maiores cientistas da época. Após expor a teoria, Hoyle abriu para perguntas. Do fundo da sala, um jovem magro, de óculos grandes, custou a levantar seu frágil corpo apoiado em uma bengala. Para surpresa dos presentes, disse: "A quantidade sobre a qual está falando diverge". Com desprezo, Hoyle negou o erro e perguntou como ele poderia afirmar isso. E Hawking respondeu: "Porque eu fiz os cálculos". Pouco tempo depois, Hawking utilizou a relatividade geral e na mecânica quântica para desenvolver teorias sobre os buracos negros e o Big Bang.

Hawking transcendeu os limites acadêmicos e virou um pop star. Escreveu livros que venderam milhões de cópias em mais de 30 países, foi tema de uma séria do History Channel, participou de Star Trek e dos Simpsons. Na foto acima, vê-se, em seu escritório, um desenho e um boneco dele mesmo inspirado na sua participação nos Simpsons, e a famosa imagem de Marilyn. Na porta, ainda há uma placa "Não incomode, o chefe está dormindo". Com humor ácido, gosta de dizer que a cadeira de Professor Lucasiano de Matemática de Cabridge, que já foi ocupada por ninguém menos que sir Isaac Newton, agora possui rodas.

Um buraco negro é uma estrela que colapsa e tem seu núcleo contraído até alcançar uma densidade tão grande que vira um nada, onde não há espaço nem tempo, onde o universo acaba. Na esclerose lateral aminiótica, o corpo vai definhando como uma estrela colapsada, retraindo-se em si mesmo rumo ao seu final. Hawking teorizou que, da mesma forma que o buraco negro engole o universo, numa ação reversa, ele poderia expelir o que engoliu, ou seja, criar o universo onde aparentemente não há nada. Foi a ideia para o Big Bang. E, assim como no Big Bang, a mente de Hawking parece um universo que emerge de onde a vida parece ter colapsado.

Hawking desafiou o Universo.
E venceu!

  © Blog 'Croquis' Bahia Vitrine 2009

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