segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Escrevendo certo por linhas curvas

CAPA DA REVISTA PLAYBOY AGO/2010_______________________CENAS DO FILME BUDAPESTE

Nos últimos dias, por causa da FLIP e da Bienal do livro, muito se falou sobre livros digitais e livros de papel. Apesar do crescimento das novas tecnologias, poucos arriscam decretar a morte do livro como o conhecemos hoje. Eu tenho a minha teoria, mas isso é coisa pra outro texto. Em meio à discussão, a revista Playboy, em apenas uma foto, mostrou como o suporte pode interferir na experiência de ler, e como o meio físico pode sobreviver por abrigar um certo fetiche no manuseio. Mas, justiça seja feita, Chico Buarque já havia feito um elogio a esta literatura, digamos, mais orgânica. Em seu livro Budapeste, Kaspar Krabbe é um alemão radicado no Rio de Janeiro que contrata o ghost writer José Costa para escrever sua pseudo-auto-biografia romanceada. Numa das passagens mais fascinantes, Krabbe/Costa conta como começou a escrever um livro no corpo de suas amantes.
E foi na batata da perna de Teresa que escrevi as primeiras palavras na língua nativa. [...] e o livro já ia pelo sétimo capítulo quando ela me abandonou. Passei a assediar as estudantes, que às vezes me deixavam escrever nas suas blusas, depois na dobra do braço, depois na saia, nas coxas [...] e me pediam que escrevesse o livro na cara delas, no pescoço, depois despiam a blusa e me ofereciam os seios, a barriga e as costas [...] e o negro das minhas letras reluzia nas suas nádegas rosadas.
Pois é, o livro digital pode oferecer muitas vantagens, mas o livro físico ainda permite possibilidades bem interessantes...

  © Blog 'Croquis' Bahia Vitrine 2009

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