segunda-feira, 19 de julho de 2010

Pangloss e a felicidade brasileira

A revista Forbes aponta o Brasil como o 12º país mais feliz do mundo, à frente de países como EUA, Alemanha e Bélgica. No topo da lista estão Dinamarca, Finlândia, Noruega, Suécia e Holanda. O resultado tem como base entrevistas realizadas entre 2005 e 2009. Aqui no Brasil, 58% classificaram-se como felizes, 40% disseram estar "lutando" e só 2% falaram que está tudo uma porcaria. Muitos dirão que isso é a prova de que dinheiro não traz felicidade, outros vão enaltecer o tal povo que levanta, sacode a poeira e dá a volta por cima... Enfim, o que não falta é interpretação besta. Mas, o que é felicidade? Kant disse que a felicidade é "a totalidade das satisfações possíveis". Mas, se tenho tudo e não desejo mais nada, a felicidade vira tédio e passo a desejar sair desse estado. Tendo um novo desejo, não tenho mais felicidade. Seria, então, a felicidade impossível? É disso que Philippe van den Bosch trata no bom livro "A Filosofia da Felicidade". Mas como a pesquisa não define felicidade, duas opções: ou o cara se sente realmente feliz, ou ele apenas é conformado mas se diz feliz. Em Cândido, Voltaire critica a teoria do melhor dos mundos possíveis de Leibniz. Logo no início, Pangloss, mestre da personagem título, diz: "As coisas não podem ser de outra maneira... deviam é dizer que tudo está o melhor possível". Assim, Cândido e seus amigos sofrem as maiores barbaridades sem reclamar, pois sabem que tudo está da melhor maneira. Talvez o brasileiro seja só um discípulo de Pangloss...

  © Blog 'Croquis' Bahia Vitrine 2009

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