quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Eleitor, leia Saramago!


Domingo é dia de eleição. Ontem, num debate entre especialistas em direito eleitoral e ciência política, vi um comentário interessante. Um dos participantes comentou que num caso excepcional (bota excepcional nisso!) em que todos os eleitores votassem para deputado apenas na legenda, não teria como distribuir esses votos de modo a eleger alguém. Ou seja, todos teriam votado, mas ninguém seria eleito. Prontamente me lembrei do "Ensaio Sobre a Lucidez", de José Saramago. Num país fictício, a população, de maneira espontânea, decide votar majoritariamente em branco. No final da apuração descobre-se que 83% dos votos foram brancos. Com isso, um caos se instala, pois o absurdo da situação não permite que haja um governo legitimamente válido.
O interessante do livro de Saramago é que o colapso do sistema se dá através de um dispositivo legal: o voto. É o que aconteceria no caso de 100% dos votos em legendas aqui no Brasil. Seria uma maneira de dizer que a diversidade de partido é válida, mas que não há ninguém capaz de merecer um voto.
E, pensando bem, é bem melhor esse tipo de manifestação do que o tal "voto de protesto", que elege um fanfarrão famoso e uma penca de desconhecidos...
Eleitor, leia Saramago!

  © Blog 'Croquis' Bahia Vitrine 2009

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