Os caminhos insólitos de Kafka
Kafka, pelo genial Robert Crumb
Mesmo após sua morte Franz Kafka continua construindo histórias inusitadas. Pouco antes de morrer de tuberculose, em 1924, Kafka pediu a seu amigo, e também escritor, Max Brod para queimar toda sua produção, que incluia desenhos, manuscritos de livros inéditos, e anotações as mais diversas. Mas Brod não cumpriu a promessa e guardou tudo. Quando morreu, sua então secretária Esther Hoffe, que muitos juram ser também amante, tomou posse do material. Durante anos ela guardou as coisas de Kafka num canto qualquer do seu apartamento, sem o menor cuidado com a conservação. Quando morreu, suas duas filhas herdaram a preciosidade e seguiram com a mesma metodologia de não se preocupar com a obra, nem deixar que outros se preocupassem. Aí o governo de Israel, onde elas moram, resolveu acabar com a bagunça e conseguiu uma ordem judicial obrigando-as a guardar tudo num banco. Resultado, há 50 anos o material esta guardado em Zurique, Suíça, e só agora vai ser aberto. Para finalizar, além de Israel, a República Tcheca (terra natal de Kafka), a Alemanha (toda a obra é em alemão)e as filhas da secretária brigam para ter a herança legal de todo o material. Semana passada as caixas-fortes foram abertas pela primeira vez para análise. Ninguém sabe, na verdade, o que realmente possuem, nem se sabe que fim terão. Isso é Kafka e seus caminhos insólitos...