segunda-feira, 19 de abril de 2010

Vou-me Embora


Manuel Carneiro de Souza Bandeira Filho nasceu num remoto 19 de abril, em 1886, ainda século 19! Mas, como todo grande escritor, rompeu esse conceito raso de espaço-tempo e se fez eterno. Bandeira é autor de um daqueles textos de mudar a vida. Quando li pela primeira vez "Vou-me embora pra Pasárgada" foi um choque. De repente, descobri que eu não era o único que queria comprar passagem para um universo paralelo. Aquelas palavras eram a representação de tudo que um garoto deseja. Anos após aquele choque, descubro que nada mudou. Ainda desejo Pasárgada...

Vou-me embora pra Pasárgada
Aqui eu não sou feliz
Lá a existência é uma aventura
De tal modo inconseqüente
Que Joana a Louca de Espanha
Rainha e falsa demente
Vem a ser contraparente
Da nora que nunca tive

E quando eu estiver mais triste
Mas triste de não ter jeito
Quando de noite me der
Vontade de me matar
— Lá sou amigo do rei —
Terei a mulher que eu quero
Na cama que escolherei
Vou-me embora pra Pasárgada.

  © Blog 'Croquis' Bahia Vitrine 2009

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