segunda-feira, 13 de junho de 2011

Fernando Pessoa e a Coca-Cola em Portugal

Num remoto 13 junho, há 123 anos, nascia Fernando Pessoa, um dos gigantes da língua portuguesa. Alguns chegam a compará-lo a Camões, mas isso é outro assunto. Pessoa sempre rejeitou a vida acadêmica, negando até a cátedra de literatura inglesa em Coimbra. Preferiu seguir como funcionário de uma multinacional, traduzindo cartas comerciais. Um dia, por volta de 1927, a empresa em que trabalhava decidiu importar Coca-Cola. Nos EUA, o slogan era “a pausa que refresca”. A empresa pediu à Pessoa que traduzisse o slogan, mas ele, que via o cotidiano de uma maneira muito particular, resolveu criar um novo slogan, e cravou: “primeiro estranha-se; depois entranha-se”. Realmente, como poesia, não há o que se discutir. O jogo de palavras, a sensação de quem experimenta pela primeira vez confrontada com a maneira que o sabor se propaga. Só que, à epoca, Portugal vivia a ditadura de Antônio Salazar. O pessoal da censura achou meio esquisito esse papo de entranha-se numa bebida que tinha coca. Era uma conversa psicodélica demais. Resultado: proibiram a bebida. A Coca-Cola, graças a Fernando Pessoa, só entrou em Portugal 50 anos depois, em 1977, 9 anos após a morte do poeta e 3 anos após o fim do regime. Acho que os executivos da Coca-Cola não devem gostar muito de Pessoa. Afinal, divagar não é preciso, vender é preciso...

  © Blog 'Croquis' Bahia Vitrine 2009

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